Ester Carro combina moradia popular e sustentabilidade na CASACOR SP
A arquiteta Ester Carro, ativista e presidente do “Instituto Fazendinhando”, estreou na CASACOR 2023 com um espaço inspirador e repleto de elementos que refletem sua jornada pessoal. Em seu ambiente, a profissional mergulha profundamente em suas raízes e compartilha as memórias vividas na comunidade do Jardim Colombo, parte do Complexo de Paraisópolis, Zona Oeste de São Paulo.
O ambiente de 34m² abriga um quarto, banheiro, lavanderia e cozinha integrados. A arquiteta explica que o projeto não foi concebido apenas para ser admirado, mas para promover o diálogo e inspirar os moradores do Jardim Colombo a explorarem novas possibilidades de moradia. O ambiente do projeto, denominado Motirõ, é um convite para repensar a maneira como as moradias populares podem ser concebidas, combinando funcionalidade, beleza e sustentabilidade.
“O ambiente representa muito bem o que é uma casa em uma favela, mostrando que é possível uma família morar de maneira digna em um espaço desses. É uma inspiração que depois compartilharei com a comunidade”, comenta Ester.
No hall de entrada, o olhar é atraído para uma horta vertical e uma cisterna inteligente para o reaproveitamento da água das chuvas. O uso da técnica sustentável, como a captação e reutilização da água da chuva, é uma solução que além de promover a conscientização ambiental, oferece benefícios práticos aos moradores.
O espaço traz um olhar educativo com soluções que poderão facilitar a vida das famílias. Os móveis trazem grafismos desenhados pelo talentoso artista indígena Waxamani Mehinako, uma forma de demonstrar que as famílias podem decorar seus próprios mobiliários. Parte dos revestimentos são feitos com materiais reciclados, aplicado pelas Fazendeiras – mulheres capacitadas pelos projetos do Fazendinhando.
“O espaço serviu como um laboratório para inclusive promover a prática das mulheres na área da construção civil, mostrando um ambiente um pouco diferente do que elas estão acostumadas, que são casas em favelas”, relata Ester.
Para compor a casa popular, a arquiteta especificou os revestimentos da Portinari em mais de um ambiente, utilizando os produtos em diferentes formas de aplicação, como na utilização da coleção York na bancada do banheiro e da cozinha, que apresenta uma nova possibilidade de utilizar os porcelanatos. “Mostrar que você consegue utilizar um porcelanato desde o piso, parede e em uma bancada – que as pessoas desconhecem e acham que precisa ser de pedra – foi um dos cuidados que tive na hora de fazer a escolha dos revestimentos, pois no ambiente comprovo que o porcelanato também pode ser inserido em uma bancada. E como o setor de construção civil é um dos que mais agride o meio ambiente, economizar em custo e materiais, evitando assim parte do desperdício, é um dos objetivos apresentado no meu projeto”, conta a arquiteta.
Outras coleções da Portinari contemplaram o espaço, Ester especificou a coleção Contos nas paredes do banheiro e lavanderia dando vida ao espaço, e a coleção Nidus, um revestimento inspirado na madeira com tons claros, foi especificado pensando na harmonização e destaque dos grafismos. “Quando fiz as escolhas dos revestimentos, quis opções mais neutras para fortalecer as artes indígenas, pois outro objetivo do ambiente é resgatar e mostrar a ancestralidade e a cultura indígena, e a coleção Nidus me deu essa possibilidade”, finaliza.